FLIP da Pluralidade


A publicação Hypenesse confirmou que a FLIP deste ano foi dominada pelas minorias. Dos cinco autores mais vendidos da ‘Flip’, 4 são negros e 1 é indígena. 
Vamos conhecer os autores que lotaram as sacolas dos leitores da FLIP deste ano?

GRADA KILOMBA

Portuguesa de origem africana, Grada é autora de "Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano", lançado pela editora Cobogó.

Memórias da Plantação é uma compilação de episódios cotidianos de racismo, escritos sob a forma de pequenas histórias psicanalíticas. Das políticas de espaço e exclusão às políticas do corpo e do cabelo, passando pelos insultos raciais, Grada Kilomba desmonta, de modo incisivo, a normalidade do racismo, expondo a violência e o trauma de se ser colocada/o como Outra/o. Publicado originalmente em inglês, em 2008, Memórias da Plantação tornou-se uma importante contribuição para o discurso acadêmico internacional. Obra interdisciplinar, que combina teoria pós-colonial, estudos da branquitude, psicanálise, estudos de gênero, feminismo negro e narrativa poética, esta é uma reflexão essencial e inovadora para as práticas descoloniais.

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AYOBANI ADEBAYO

Formada em literatura anglófona na Universidade Obafemi Awolowo, na cidade de Ifé e ex aluna de Chimamanda Ngozi Adichie e Margaret Atwood, a nigeriana Ayobani Adebayo é autora de "Fique Comigo", lançado pela editora Harper Collins. 


Finalista do Baileys Women’s Prize for Fiction, este romance de estreia inesquecível ambientado na Nigéria dá voz a marido e esposa enquanto eles contam a história de seu casamento ― e as forças que ameaçam destruí-lo. Yejide e Akin se apaixonaram na faculdade e logo se casaram. Apesar de muitos terem esperado que Akin tivesse várias esposas, ele e Yejide sempre concordaram que o marido não seria poligâmico. Porém, após quatro anos de casamento ― e de se consultar com médicos especialistas em fertilidade e curandeiros, tomar chás estranhos e buscar outras curas improváveis ―, Yejide não consegue engravidar. Ela está certa de que ainda há tempo, mas então a família do marido aparece na sua casa com uma jovem moça que eles apresentam como a segunda esposa de Akin. Furiosa, chocada e lívida de ciúmes, Yejide sabe que o único modo de salvar seu casamento é engravidar. O que, enfim, ela consegue ― mas a um custo muito maior do que poderia ter imaginado. Um romance eletrizante e de enorme poder emocional, Fique comigo não apenas debate as questões familiares da sociedade nigeriana, como também demostra com realismo as mazelas e as dificuldades políticas enfrentadas pela população desse país nos anos 1980. No entanto, acima de tudo, o livro faz a pergunta: o quanto estamos dispostos a sacrificar em nome da nossa família?

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AILTON KRENAK 

O representante indígena desta lista é Ailton Krenak, autor de "Ideias para adiar o fim do mundo", lançado pela Companhia das Letras. 


Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineira. Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”. 
Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno. Daí que a resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais. Somente o reconhecimento da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo. 
“Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover. [...] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história.” 
Desde seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, Krenak se destaca como um dos mais originais e importantes pensadores brasileiros. Ouvi-lo é mais urgente do que nunca. Ideias para adiar o fim do mundo é uma adaptação de duas conferências e uma entrevista realizadas em Portugal, entre 2017 e 2019.

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KALAF EPALANGA 

Músico e crônista, ele nasceu em Benguela, na Angola, e na segunda metade dos anos 90 mudou-se para Lisboa, com o objetivo de obter a melhor formação académica possível. É autor de "Também os brancos sabem dançar", lançado pela Todavia. 

Um músico e escritor angolano chega de trem à fronteira entre Suécia e Noruega. Juntamente com sua banda, ele pretende se apresentar em Oslo. Sem um passaporte válido para mostrar, vivendo num limbo entre as cidadanias angolana e portuguesa desde que escapou da guerra em seu país para poder tocar a vida em Lisboa, ele é detido por tentativa de imigração ilegal e conduzido à delegacia para averiguação. Aflito com a precariedade de sua situação e ansioso para conseguir chegar a tempo para o concerto, começa a se perguntar: como explicar que ele é apenas um pacato artista angolano? Esse é o mote do irresistível romance de Kalaf Epalanga, uma viagem colorida e repleta de memórias pessoais, musicais e literárias em torno da África, Europa e até mesmo do Brasil. Narrado com leveza e graça, Também os brancos sabem dançar é a crônica dos muitos encontros propiciados pela música e pelas palavras.

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GAËL FAYE

Cantor , rapper , compositor e performer , o escritor franco-ruandesa é autor de "Meu pequeno país", lançado pela Rádio Londres.

Burundi, 1992. Gabriel, 10 anos, mora com o pai francês, um empresário, a mãe ruandesa e a irmã caçula, ana, em um bairro nobre de bujumbura, onde a maior parte dos moradores são membros de uma comunidade de estrangeiros. Gabriel passa a maior parte do tempo com os amigos e companheiros de aventuras, uma alegre brigada que se ocupa do roubo de mangas dos vizinhos e organiza um comércio clandestino de cigarros supermatch. Mas essa existência despreocupada é prematura e brutalmente interrompida pela história. Primeiro, gabriel assiste, impotente, à separação de seus pais; depois, ao início da guerra civil, seguida pela tragédia do genocídio ruandês. Gabriel, que sempre se via apenas como uma criança qualquer, começa a se descobrir mestiço, tútsi, francês. Com uma leveza e uma elegância raras, gaël faye consegue evocar os tormentos e as inquietações de um menino preso no mecanismo inexorável da história, tentando lidar com eventos que o obrigam a amadurecer mais cedo do que o previsto. São sensações que o autor conhece pessoalmente, o que torna este primeiro romance — repleto de momentos trágicos e de humor, de luzes e sombras — ainda mais excepcional.

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Qual livro vocês acharam mais interessante? Conheciam algum desses autores? Eu confesso que não conhecia nenhum deles. #shameonme
Deixe aí nos comentários. 

Natalia Eiras

7 comentários:

  1. Olá,eu não conhecia nenhum desses autores, até ser apresentada a eles aqui.
    O interessante dessas obras, é que não são historinhas bobas,sem um bom enredo. Tem sim,um bom conteúdo,e uma "carga" emocional bem forte... Acho que pelo país de origem de cada um deles.

    O livro "Fique Comigo", foi o meu favorito.

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  2. Também não conhecia nenhum desses autores, achei interessante saber sobre eles e suas obras é muito bom conhecer novas histórias e autores de outros países que tem costumes e culturas que não conheço, os livros parecem ser bem diferentes, fiquei curiosa com Fique Comigo, parece ser uma história muito triste e também emocionante.

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  3. Adorei conhecer esses novos autores e livros, um desses eu comprei pela caixinha da tag, mas ainda não tive oportunidade para ler.

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  4. Olá! Confesso que também não conhecia nenhum dos autores mencionados acima, mas lendo um pouco dos seus trabalhos, deu para perceber porque eles ficaram no entre mais vendidos, uma história mais interessante que a outra, fiquei bem curiosa com Fique comigo, Também os brancos sabem dançar e Meu pequeno país.

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  5. Que legal esse resultado da Flip. Eu também não conhecia nenhum dos autores nem os livros, mas fiquei bem interessado nos títulos. O livro do AILTON KRENAK, representante indígena, encheu meus olhos. Fiquei muito curioso.

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  6. Com toda sinceridade, a primeira obra relatada me interessou bastante "Memórias da plantação" e pena que não conhecia nenhum desses autores. Amei conhecê-los agora e cada vez mais a minha lista de livros aumenta(risos). Amei sua publicação, obrigada pelo compartilhamento. Super Beijo

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  7. Nossa, eu também não conhecia nenhum dos autores.
    Mas fiquei com vontade de ler Meu pequeno país, parece bem interessante.
    Bjs

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