Por onde eu começo?
Primeiro você precisa saber que Enola Holmes não existe nos livros originais de Sir Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes. Enola é uma personagem fictícia criada por Nancy Springer, para a sua série de livros.
Isso leva à segunda coisa que precisa saber.
Há alguns meses atrás, a Netflix e a autora foram processadas pelos detentores dos direitos de Sir. Arthur por, supostamente, violarem a personalidade de Sherlock Holmes, deixando-o mais propenso a sentimentos.
A terceira coisa que você precisa saber, e talvez alguns já tenham adivinhado, é que esse processo não vai dar em nada e que a Netflix já pensa em transformar Enola Holmes em uma série devido ao enorme sucesso que o filme fez na semana de lançamento.
Agora nós podemos começar a analisar de fato Enola Holmes. Esta pronto?
ENOLA HOLMES COMO UM FILME INDIVIDUAL
Como um filme individual, a Netflix esta realmente de parabéns.
A Millie Bobby Brown consegue fazer uma personagem cativante, que ao terminarmos o filme temos vontade de dar sequência a história para descobrir o que mais essa mocinha impetuosa pretende aprontar e, se o possível romance, vai avançar.
Afinal, nós gostamos de uma dama da sociedade que é muito dona de si e acaba se rendendo aos encantos de um conde, duque... ou qualquer outro título da nobreza inglesa, né? A base de todo romance de época que se preze atualmente é esse! Então, quem nós queremos enganar?
Outro ponto positivo é a quebra de barreira que a personagem faz o tempo todo, convidando o expectador a participar da trama ao conversar com a câmera diretamente, e até lhe pedir ideias para sair das enrascadas que se mete ao longo do filme.
O figurino e os cenários são condizentes com a época, e a produção foi até bastante ousada ao colocar o Inspetor Lestrade como um oficial negro. Vocês conseguem imaginar na época de vossa majestade a Rainha Elizabeth I, auge da era vitoriana e da nobreza, um policial da Scotland Yard... negro?
No way!
Por todos esses pontos, ele é um ótimo filme! Mas quando analisamos pela ótica de um filme/livro baseado na obra de Sherlock Holmes.... a coisa muda.
ENOLA HOLMES BASEADA EM SHERLOCK HOLMES
Como eu já disse anteriormente, Enola não existe na obra original.
Então, nós já deveríamos parar a análise aqui, porque pra mim não dá pra dizer que é uma obra baseada em outra quando a personagem não existe. Uma coisa é você dizer que a série da BBC é baseada na obra, pois apesar de vários elementos terem sido mudados, terem inserido alguns personagens (como a Molly), as características dos personagens principais foram mantidas.
Não é o caso desta série de livros, e agora o filme da Netflix, "baseada na obra de Sherlock Holmes", pois as caracterpisticas básicas de Sherlock e Mycroft foram alteradas. Você consegue imaginar Sherlock Holmes sendo amigável com uma menina? O Sherlock original até acharia interessante o fato de ela ser impetuosa, mas também a acharia de imediato extremamente entediante. Com o desenvolvimento da história, e a Enola mostrando que é tão brilhante quanto ele, ele poderia até soltar algum elogia recheado de sarcasmo e com um humor ácido.
Mas nunca que ele seria amigável. Nem com A MULHER - Irene Adler - que foi a única que conseguiu despertar algum traço de sentimento no detetive, ele foi amigável.
Ele ficou intrigado.
Ele fica fascinado.
Mas não amigável.
Pelo contrário, ele faz questão de mostrar a sua genialidade, como forma de intimida-la.
No filme em questão, ele é retratado como uma pessoa solitária, que não se importa muito com a irmã até o momento, mas que passa a se preocupar com ela. E até a... admira-la.
Já Mycroft é um cara extremamente egocêntrico na sua posição do governo, e que apenas se importa com a sua reputação e com os jogos de poder. No filme, percebemos esse traço da personalidade dele, voltada a questão da reputação. Porém, os jogos de poder que ele sempre parece estar envolvido nos livros originais não são abordados. O que podemos justificar pelo fato de ele ser muito novo e estar "em início de carreira".
Então, como uma obra baseada em outra obra, me desculpem, mas é lixo.
O nome Holmes esta sendo utilizado apenas para dar suporte a uma personagem que poderia viver perfeitamente bem sem isso, e para alavancar as vendas de leitores desatentos que possam achar que ela é na verdade a Eros (a suposta irmã de Sherlock que aparece na série da BBC).
Em relação a adaptação do filme ao livro de Nancy Springer, vamos descobrir se eles fizeram uma adaptação fiel ou não em breve, quando teremos a resenha do livro aqui.
O que vocês acham? Acredito que o grande problema tenha sido a autora associar o nome Holmes a obra. Se fosse neta de Hercule Poirot, por exemplo, seria bem mais condizente. rsrsrs
Afinal, Poirot sempre achou le femmes peculiares...
Uau! Que resenha mais sincera! É a resenha mais crítica e sincera que li sobre o filme. Vou assistir para dar minha opinião melhor.
ResponderExcluirBom fim de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Que bom que gostou da análise Emerson.
Excluir=)
Já assistiu ao filme? O que você achou?