Bienal do Livro 2021: Participar ou não participar?


Por que fazer uma Bienal, no meio de uma pandemia? 

No próximo fim de semana começa a Bienal do Livro, e como uma boa "rata de biblioteca", obviamente eu estavam pensando em participar do evento. 

Mas, passei a semana inteira pensando: Por quê? Por que eu deveria participar da Bienal este ano? 


Quando pensamos em Bienal do Livro no Brasil, a primeira imagem que temos é de uma mega produção digna de Rock in Rio. 

Milhares de leitores; filas muitas vezes quilométricas para entrar no evento; outra fila para o meeting com os autores (principalmente os internacionais) e muitos fãs histéricos. 

Não é à toa que os autores internacionais costumam comparar a experiência a um show de rock, onde eles são as estrelas. Nos EUA e na Europa, eles não recebem esse tratamento, como vimos na última Bienal do Livro em Lisboa, pré pandemia. 


CONFIRA A BIENAL DO LIVRO DE LISBOA 2019


Eis que sai a notícia na imprensa de que teremos a Bienal do Rio de Janeiro, entre os dias 03 e 12 de dezembro, marcando o "retorno do jedi", sendo o primeiro grande evento pós pandemia na América Latina. Um retorno a normalidade, né? 

MAS QUE NORMALIDADE?

O preço do ingresso teve um aumento de quase 100%. De 25 reais, passou a 40 reais. 

E se você é do grupinho que chegava na Bienal quando abria a só saía de lá sendo expulso pelos seguranças do evento no fechamento (spoiler! Eu sou dessas), esqueça! 


Agora o evento foi dividido em turnos. Isso quer dizer que para você passar o dia inteiro terá que desembolsar uns 80 reais por dia? 

Os ingressos agora tem horário para serem utilizados, visando não ultrapassar a capacidade máxima estipulada pela organização e os órgãos de saúde pública, para manter o distanciamento. Imagina... uma Bienal com pessoas mantendo 1,5m de distância uma das outras. 

Uma utopia. Mas ok... vamos imaginar para fins acadêmicos que as pessoas respeitem. 


Bienal, pelo menos pra mim, é sinônimo de "encontrinhos"; piqueniques de booktubers e blogueiros; abraçar o seu autor favorito. 

Nada disso é possível com 1,5m de distância. 

Mas a loucura não para aí. 

Porque foi divulgada a programação. 


UMA BIENAL ONLINE

Eu entendo que a Bienal movimenta milhões para o mercado literário, e que o setor depende de um evento desse porte para fechar a meta de faturamento do ano. É a Black Friday da literatura. 

Eu entendo que existe milhares de pessoas que moram fora do eixo Rio-São Paulo, e que só conseguem encontrar seus autores favoritos e amigos literários uma vez por ano na Bienal. 

Eu entendo que precisamos voltar a normalidade. 


O que eu não entendo é cobrarem 40 reais de ingresso pra um evento que basicamente poderia ser feito todo online. Porque vamos combinar uma coisa....TODOS os autores internacionais, ou autores nacionais que movimentam as massas enlouquecidas e histéricas de fãs para a Bienal, estarão participando do evento de forma ONLINE. 


Ok... posso estar generalizando ao falar todos, mas olha bem a lista abaixo: 

Julia Quinn? ONLINE

V.B.Schwab? ONLINE

Josh Malleman? ONLINE

Raphael Draccon? ONLINE

Matt Ruff? ONLINE

Junji Ito, o mestre do mangá? ONLINE

Jenna Evans Welch? ONLINE


Não estou dizendo que você não deva ir a Bienal. 

O dinheiro é seu, a vida é sua e isso é um problema seu. 


Mas EU não consigo ver sentido em ter uma Bienal dessa forma. 

Se você consegue ver um sentido, um motivo plausível pelo qual a Bienal é essencial além do fato mercadológico para as editoras, por favor deixe nos comentários. 

Por que você vai pra Bienal esse ano? 

Meus amigos que me desculpem, mas eu vou pegar esses 40..80 reais que eu gastaria indo pro evento e torrar em livros pro meu kindle no conforto da minha casa. 


📚 Quer conferir os livros que eu estou pretendendo comprar na "Bienal" deste ano?

Então clica aqui e confere a minha wishlist (gigante). Quem sabe você não descobre uma leitura interessante pra você também?

Natalia Eiras

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