A revolução dos bichos

 


Este livro deveria ser leitura obrigatória em todas as escolas, junto com "Escravidão - edição juvenil" de Laurentino Gomes. Os profissionais de educação deveriam promover um verdadeiro debate com as crianças e adolescentes sobre essa fábula nem um pouco lúdica, de forma a não termos tantos porcos e cachorros nas posições de poder e na política brasileira. 

Esse seria o mundo ideal, mas como vivemos no mundo real.. bora lá incentivar o máximo de pessoas possíveis a lerem essa obra prima. 

"A revolução dos bichos" é um tão influente, que foi utilizado como instrumento de propaganda politica durante a Guerra Fria, onde em meados da década de 1950, a CIA chegou a lançar milhões de balões com cópias deste livro sobre o território soviético. O próprio termo "Guerra Fria" foi cunhado por Orwell, em um artigo do jornal "Tribune" chamado "You and the Atomic Bomb". 


Orwell sempre foi muito claro ao afirmar que "A revolução dos bichos" era uma crítica ao Stalinismo, regime político que comandou a URSS, sob a figura de Joseph Stálin. Mas sendo muito sincera, qualquer semelhança com a nossa realidade atual não é mera coincidência. 


A obra traz uma crítica ao regime político onde muitos trabalham, para sustentar o luxo de poucos que se dizem mais intelectuais e que estão trabalhando em benefício da sociedade, mas que na verdade, só trabalham em benefício próprio. Que criticam os humanos, mas acabam por se tornar o que mais criticavam. 


"O homem é a única criatura que consome sem produzir. Ele não dá leite, não bota ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre rápido o suficiente para pegar coelhos. No entanto, é o senhor de todos os bichos. Ele os põe pra trabalhar, devolve a eles o mínimo para que não morram de fome, e o resto guarda para si mesmo." - pág 18

 

Porém, ao começarem a perceber a mudança na elite da fazenda, os demais animais nada podiam fazer devido a repressão e a falta de memória e conhecimento. Afinal, apenas os porcos sabiam ler e escrever, e , assim como o povo, os animais tem a memória curta esquecendo a situação miserável que vivam antes da revolução. Com medo de represálias, os animais se calam e o sistema corrupto, injusto e fraudulento se perpetua. 


"Ela não entendia por quê, eles viviam um tempo em que ninguém ousava expressar o que pensava, em que cães ferozes a rosnar vagavam por toda parte, e em que se testemunhava seus camaradas serem estraçalhados após confessarem crimes chocantes." - pág 81

 

Ao final da fábula percebemos que nada mudou, pois a natureza do poder corrompe a todos que tocam. Se antes os porcos tinham de fato algum valor moral, algumas ideias para desenvolver a fazenda dos bichos e trazer prosperidade moral, bastou dar-lhes algum poder que eles se corromperam e usaram dos bens da fazenda em benefício próprio. Assim como o "bicho homem". 


E assim como os animais era oprimidos pelo home, passaram a serem oprimidos pelos porcos, ou seja, sem conhecimento e sem letramento, não importa quem está no poder: você será manipulado, usado e ludibriado por qualquer porco ou homem.  


 "De alguma forma, parecia que a fazenda tinha ficado mais rica sem enriquecer os próprios bichos - exceto, é claro, os porcos e os cães. Talvez isso se devesse, em parte, ao fato de existirem por lá tantos porcos e tantos cachorros. " - pag 113


Conforme lia este livro, percebi a semelhança com a nossa realidade e mais raiva de dava, porém, como o sábio burro (sim, irônico né?) diz na fábula: 

"A vida nunca havia sido, nem poderiam ser, muito melhores ou muito piores: a fome, as privações e a decepção eram, dizia ele, a lei inalterável da vida".  


Sendo assim, a nossa vida hoje não é melhor e nem pior do que a de nossos pais e avós. Somos todos trabalhadores incansáveis como os cavalos, repetimos coisas sem pensar como as ovelhas, temos nossos filhos tirados de nós por conta do capitalismo, como as galinhas, e quando não somos mais necessários, somos descartados como Cravo. Se nos rebelamos, somos expulsos como "Bola de neve", mesmo tendo lutado lado a lado com os opositores em momentos decisivos da história. Essa é a vida. 

E enquanto houver disputa pelo poder, nada mudará. 

FIM. 

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Natalia Eiras

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