Textos para tocar cicatrizes



Eu não gosto de poesia. 

Ponto. 

Não entendo poesia. 

Não entendo a estrutura gramatical que ignora letras maiúsculas, alinhamento a direita e vírgulas. 

Não entendo como uma pessoa pode ter a coragem de abrir os sentimentos dela, esfregar na sua cara como se estivesse tudo bem, e depois sair andando na rua como se nada tivesse acontecido. 

Se eu tivesse que me expor dessa forma e ter registrado as minhas dores, meus pensamentos em páginas de um livro que poderão (e com certeza serão usadas contra mim), no dia seguinte me mudaria pra floresta e lá viveria reclusa até o fim dos meus dias. 

Mas parece que os poetas fazem isso e ligam o foda-se. E ainda tem a pachorra de dizerem que isso é "Arte". 

Sinceramente, construir uma narrativa intrincada, com inicio, meio e fim que fazem sentido lógico e ainda levam entretenimento aos leitores, pra mim é arte. 

Simplesmente colocar seus sentimentos numa folha de papel sem que um texto se conecte com o outro, pra mim é transformar um diário em terapia coletiva e ganhar dinheiro com isso. E isso, pra mim é a definição de poesia, poemas e afins. 




Mas eu sou teimosa e tento (de vez em nunca) ler algo do gênero que esteja em alta. 

Dessa vez eu me forcei a ler "Textos para tocar cicatrizes" do Igor Pires, o mesmo autor de "Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente"

É impressionante que as minhas dúvidas sobre a gramática literária de poemas e a minha opinião sobre esse gênero não se alterou, mesmo passados anos desde a primeira resenha. 

Na verdade, a coisa piorou, porque em "Textos para tocar cicatrizes" a impressão que eu tenho é que de o autor estava muito frustrado com o sexo e precisava colocar isso evidente pra todos. O mais estranho é o livro abordar esse tema em quase todos os poemas, mas não ter classificação etária. E mais estranho ainda é o fato da grande maioria do público deste autor ser jovens adolescentes... 

Só eu achei que tem algo muito errado nisso tudo? 




Enfim. O livro tem uma capa linda, é verdade. Ilustrações belíssimas, também. Mas os benefícios da leitura ficam apenas para o deleite dos olhos. 

Enquanto eu lia, tudo que pensava era: "Sério amigo que você quer que as pessoas saibam isso? Sério que você quer exaltar cicatrizes? Na moral, eu quero me livrar delas, e você tá querendo expor?"

Cada um sabe o que faz, e o que lê. Eu desisto neste momento de ler poesia. 

FIM. 


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Natalia Eiras

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